O livro é bom, mas é Lisbeth Salander que a fascina. Contratada pelo jornalista Mikael Blomkvist para ajudá-lo a resolver o misterioso desaparecimento de Harriet, a figura da hacker lhe parece uma sacada genial do autor. Ela foge aos estereótipos associados às mulheres. Não é especialmente bonita e muito menos frágil ou submissa. É inteligente. Não gravita em torno do herói da história. Ao contrário, Lisbeth impulsiona a narrativa com sua mente ágil e subversiva.
É para acompanhar de perto seus passos que a moça lê madrugada adentro. De alguma forma, por causa de Lisbeth, o mote principal do livro perde um pouco sua força. Todos querem saber que fim levou a menina Harriet. Mas não há como tirar o foco de atenção de Salander. A leitora quer saber o que se esconde por trás de suas tatuagens e piercings, observar seu comportamento inconstante. Para isso, lê avidamente o livro, torce por ela e… se esquece de que amanhã é dia de acordar cedo, estudar, trabalhar. Só se o cansaço a vencer abandonará Lisbeth. Tem certeza de que valerá a pena.
O “Olho de Livreira” identificou:
“Os homens que não amavam as mulheres”, de Stieg Larsson. Trilogia Millennium. Editora Companhia das Letras.
Ilustração:
Autoria desconhecida, salvo através de thomerama.tumblr.com
O “Olho de Livreira” brinca com um hábito que os “apaixonados pela leitura” conhecem bem. A mania de tentar descobrir qual obra está sendo lida por qualquer pessoa que se aproxime com um livro. Aqui, o olhar se amplia e a Livreira tenta imaginar não só os títulos, mas quais os pensamentos e sensações de seus leitores. Uma espécie de resenha elaborada a partir do ponto de vista de personagens fictícios: leitores ilustrados por diversos artistas.